segunda-feira, outubro 23, 2006

O mito silente.

Bem, não sei quanto a maioria das pessoas, mas estava reparando numa coisa: Esta é a primeira eleição para presidente sem o Brizola. Sem suas infindáveis chamadas televisivas nas quais abusava do estrionismo para descer o pau no governo, no Lula e em quem mais aparecece.

Certo, o cara era um dinossauro getulista dos mais empedernidos. Mas não há como negar que ele tinha estilo, e muito! Quando vejo hoje os candidatos e governantes olhando para as câmeras de televisão de olhos arregalados como meninos assustados me lembro do Brizola. Ele sim, sabia falar para uma câmera! Foi um dos poucos políticos que vi saber realmente empostar a voz num discurso. O resto parece que fez curso de locução por correspondência.

Mas pra não falar somente nas qualidades de showman dele, é de se fazer notar que Brizola jamais se impressionava com um argumento contra qualquer ato seu, seja como político ou não. Isso por estar escudado pela mais adamantina teimosia que já existiu em um ser vivo. Os esquerdistas e oposicionistas de hoje jamais poderiam lhe ofuscar nisso. Ainda que fosse capaz dos atos mais estranhos do mundo como aliar-se a Lula depois de achincalhá-lo para o país inteiro, sempre tinha uma justificativa para o que fazia, por mais que esta fosse esdrúxula. Pois contra teimosia como aquela não havia como se opor.

Gostaria de saber o que ele teria a dizer a gente que hoje gosta mais de falar de dinheiro sujo e moral sacrossanta que de soluções. Talvez não tivesse nada além de sua habital cantinela, composta durante tantos anos de getulismo. Muito provavelmente não teria grande utilidade. Mas que seria divertido ver o homem soltar o verbo, isso seria!

2 comentários:

Anônimo disse...

Ô Maicou, muito bom o texto! Lembro do Brizola na TV, a última vez que vi o cara: num programa do PDT de 2004. O cara soltando o verbo contra o Lula.

Gabriela Martins disse...

Lá lá lá lá lá, Brizóóóóóóóóóóóóóóóolla!
Lá lá lá lá lá, Brizóóóóóóóóóóóóóóóolla!