segunda-feira, agosto 18, 2008

O início da nerdice: como criar um clássico

Bem, me pediram para que eu escrevesse uma pequena resenha ou sei lá o que sobre os primeiros três Final Fantasies. Deve ser porque eu sou um dos poucos nerds por aqui já passado da casa dos 25 anos... O problema é que também sou um dos poucos da minha faixa de idade que não sente a menor saudade de jogos antigos, seus gráficos de 2 pixels e assovios à guisa de som. Dito isso já vou logo adiantando que não, não joguei as versões desses jogos para NES por total e absoluta falta de paciência com as características supracitadas. Contudo, se você é um nerd adorador de velharias e acha que nunca deveriam ter tirado seu amado mega-drive do mercado, aconselho a parar de ler isto imediatamente. Até porque falarei das verões de Final Fantasy I e II para PSP e o remake de Final Fantasy III para DS. Chega de enrolação, então!


Final Fantasy I e II


Acredito que boa parte de vocês ao menos tenha ouvido falar dos dois primeiros jogos da série. E também imagino que conhecem a velha história de que o primeiro jogo salvou a Square da falência colossal – algo que nem mesmo Sakaguchi poderia prever, tenho certeza. Pois bem, o jogo tirou a empresa da lista dos candidatos à bancarrota e ao harakiri de seus membros ao mesmo tempo que tornava-se um clássico entre os desocupados do mundo inteiro!

Imaginem então, nosso Sakaguchi, ter ouvido numa tarde dos longínquos anos 80 a ordem de seu chefe de criar um jogo que prestasse, senão o jeito era botar todo mundo no olho da rua e fechar as portas. Pensem na tensão que esse pobre homem sofreu naquela noite, ao som de Prince e Madonna... Junte a isso uma garrafa de uísque e pronto! A receita para se criar um clássico!

Assim ele adormeceu e sonhou... E no sonho viu quatro guerreiros da luz escolhidos pelos cristais para salvar o mundo das trevas. Claro, que isso não é nem um pouco original. Então seu cérebro alcoolizado elaborou as mais diversas criaturas, lugares e situações, até chegar no que temos hoje: Final Fantasy I.

O jogo em si não é grande coisa, mas sabe-se lá por que vendeu horrores no Japão e reabasteceu o caixa da moribunda Square. Você pode escolher entre classes básicas como mago negro, guerreiro ou ladrão e vai de cidade em cidade resolver os problemas das pessoas até dar de cara com o vilão final. Nerds do mundo todo babam o ovo desse jogo por sua versão original ser tão somente difícil. Bem, eu não acho que nível de dificuldade faz um jogo bom ou ruim, O problema é que FFI não é só difícil em sua versão para NES, é frustrante. Se você nunca jogou, experimente e verá hordas de goblins avançando em cima de seu grupo de guerreiros bostas, numa derrota estupenda, para você. Enfim, nerdice e masoquismo volta e meia andam juntas

A certa altura do jogo, seus personagens podem melhorar as classes, Seu guerreiro torna-se cavaleiro, o mago ganha magias que podem eliminar um exército inteiro – embora eles sempre precisem de uma mísera chave enferrujada para abrir uma porta caindo aos pedaços.

Bem, acho que é isso que posso falar de FFI. Não sei se satisfez a vocês, então, estou preparado para as pauladas dos fanboys sem vida sexual e os pedidos encarecidos das moças por uma demonstração ao vivo de como brandir uma espada! Agora o próximo!


Em FFII as coisas mudam um pouco de figura. Devido ao enorme sucesso do primeiro, a Square achou por bem deixar Sakaguchi devidamente abastecido de músicas pop e psicotrópicos. Sabe-se lá quando o homem vai ter outra viagem daquelas... Mas ele teve. Uma viagem com quatro garotos que tiveram sua cidade destruída por um imperador maluco e com sérias tendências homossexuais – coisa que, daqui pra frente, aparece muito durante a série.

Admito que ainda não joguei muito desse jogo por vários motivos. Mas pelo que fiz deu pra perceber que o sistema de batalha mudou radicalmente, não há jobs e que eu até agora não sei como funciona aquilo pra falar a verdade. Ah, sim! Os personagens têm alguma personalidade neste jogo, Não são apenas bonecos como os do anterior. Talvez as doses de uísque com Madonna tenham sido maiores dessa vez, vá se saber. Contudo, esse jogo demorou ainda muitos anos para chegar ao ocidente, ficando apenas disponível através de traduções livres de desocupa, digo, fãs da série.


Final Fantasy III

Prepare-se. Estamos entrando agora em território demoníaco. Vendo que Madonna já não era a mesma coisa e que a bebida já não lhe fazia efeito, Sakaguchi fez um pacto com todas as entidades demoníacas e youkays que a cultura japonesa pode conceber. Ali em cima disse que FFI é difícil? Sim, ele é mesmo. Mas FFIII ultrapassa o humanamente possível em dificuldade. Você começa como Luneth – já disse que falarei da versão de DS –, um sujeito idiota que cai num buraco porque vive com a cabeça nas nuvens. Lá dentro toda imediato contado com seres meigos, chamados goblins – sim, eles mesmo! Armado apenas de umas pedrinhas ele os enfrenta e vence. No decorrer de sua aventura para sair do buraco onde se meteu acaba encontrando o Cristal que o escolhe como um dos guerreiros da luz – acho que Sacaguchi andou lendo muito Paulo Coelho naquela época... Daí consegue voltar para sua vila, de onde parte em sua jornada para salvar o mundo, acompanhado de seu amiguinho medroso e cagão. Também no grupo entrarão Refia, a filha do armeiro da vila mais próxima e Ingus, um cavaleiro metido a fodão

É de se falar também que neste jogo que o sistema de jobs de Final Fantasy atingiu quase a plenitude – embora trocentos nerds discordem de mim, mas eu não me importo. São dezenas deles cada vez que você encontra um cristal e milhares de oportunidades de estratégia. Quanto a história, não é nada interessante. Apenas encontre os cristais e mate o vilão no final – como serão os outros jogos da série até FFVI. Mas a grande característica do jogo é sua extrema dificuldade. Nada é conseguido de forma fácil nele. Há passagens nas quais é necessário apenas usar magias, pois você está miniaturizado e seus cavaleiro, cheio de força não vale absolutamente nada nelas. Os chefes do jogo parecem ter tanto HP que dá pra pensar que a memória do jogo foi gasta quase toda com isso. Fora os monstros apelões...

Pra terminar falarei de duas coisas. Primeiro, dos personagens que aparecem para ajudar o grupo ao longo da trama. Não sei se eles aparecem na versão de NES, mas nesta eles ficaram muito bem bolados. Com destaque para Desch, um sujeito que perdeu a memória e apenas sabe que precisa chegar numa torre o mais rápido possível. O que não faz ele deixar de ser um idiota completo, passeando pelo ninho de Bahamut sem nenhum motivo... A segunda coisa chama-se Cloud of Darkness, o inimigo final do jogo - que, na verdade não passa de uma puta praticamente nua. Daquele tipo de chefe imortal, ao menos que você despache os quatro chefes quase imortais que a circundam. Mesmo assim ela não deixa de ser extremamente apelona. Um prato cheio para os nerds com sede de desafio.

Por enquanto é só. Vamos ver se me deixarão escrever mais coisas por aqui.