Esta manhã, tomei meu costumeiro banho e logo depois me dirigi ao espelho para fazer minha barba... Não que o ato em si ou meus ralos e raros pêlos faciais tenha alguma importância para o mundo a ponto de escrever sobre isso no blogue. O fato é que ao empunhar a lâmina algo me ocorreu, como uma espécie de iluminação digna de Rosseau.
A luz refletida na lâmina e depois no espelho me levou a tempos e lugares onde a barba é sinal de prestígio social e até de poder. Em Atenas, na antiguidade, um homem só era considerado cidadão capaz e maior depois de desenvolver barba - nesse caso eu seria uma eterna criança lá. E a barba sempre foi um símobolo de força e respeito entre os orientais, principalmente os muçulmanos. Até pouco tempo atrás, exigia-se no Afeganistão que um homem devesse ter a barba do tamanho de seu punho sob pena de severos castigos e quem sabe até morte. Certamente o Afeganistão seria um lugar terrível para imberbes como eu...
Então, desta viagem fui catapultado de volta ao presente e meu banheiro. Fiquei só, eu com minha barba. E pensei: se a barba tem toda essa simbologia, não seria melhor que ela fosse eliminada de uma vez das mal escanhoadas faces dos homens? Pois assim ninguém mais poderia jurar coisa alguma sobre o fio de seu bigode ou elevar a barba à categoria de escudo de sua honra masculina. Não haveria como pôr as barbas de molho, acabando assim com um dos mais conhecidos chavões de dissimulação e esperteza que existem. Em suma, o mundo seria um lugar melhor, e mais limpo, para se viver. Com menos lâminas e menos sangue a escorrer por elas para ser limpo com uma toalha ou papel higiênico.
No alto de minhas divagações pensei numa espécie de paraíso terrestre, onde muldidões sem pêlos se abraçavam e passeavam em campos de antigas lâminas enferrujadas. E com os olhos marejados pus-me a barbear-me!
segunda-feira, abril 30, 2007
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3 comentários:
Eu acharia legal também se não possuíssemos pêlos púbicos, os quais faço questão de exterminar sempre que posso.
Francamente, se já usamos roupas há tantos milênios e ainda possuímos vestígios de pelagem, é sinal de que não somos tão evoluídos quanto se presume.
Não vou entrar no mérito da barba, nem em relação pêlos x evolução. Isso é pegar só um lado da questão!
Além do mais, ostento (já de alguns meses) um visual mariachi, que me cai bem.
Ô Maicou, manda esse texto pra algum lugar, uma revista ou jornal da Internet, uma página que mostre! Tá muito bom.
Pelos são uma coisa meio nojenta, na minha singela opinião. Recomendo a todos os rapazes que abram mão do hábito de cultivar barba e bigode: ela não os deixa mais másculos, apenas me faz imaginar o quanto se molham a cada golada de café ou colherada de sopa (se for miojo o efeito é pior, eca!).
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